terça-feira, 15 de maio de 2012

Não Abalou, Apenas Fortaleceu ! 

      O azul do uniforme foi uma cor destoante na festa em preto e branco do Vasco, que bateu o Libertad por 2 a 0. Depois que Dedé e Renato Silva foram alvo de ofensas racistas em Assunção, os torcedores prepararam várias ações contra o preconceito em São Januário. Pintaram seus rostos com metade de cada cor e vestiram a camisa lançada no ano passado, que comemora a luta do clube contra o racismo. Os jogadores também entraram com elas em campo e as atiraram para a torcida.
     Com a bola rolando, o Vasco teve no primeiro e no segundo tempo duas atuações tão distintas quanto o branco e o preto. Preso e sem movimentação nos 45 minutos iniciais, foi presa fácil para a boa marcação dos paraguaios, que seguraram o 0 a 0 no novo placar. Após o intervalo, as entradas de Juninho e Allan deram dinâmica ao time, que construiu 2 a 0 - gols do Reizinho e de Alecsandro - e poderia ter feito outros gols. 


     Prevendo uma retranca, o Vasco entrou em campo com uma formação diferente, com três atacantes, para tentar surpreender o Libertad. Wiliam Barbio ficava mais na esquerda, e Eder caía pela direita, com Felipe no meio e Juninho no banco. Mas o tiro saiu pela culatra. Quem parecia surpreso era o próprio time cruzmaltino, que tinha dificuldade de furar o forte bloqueio. Em uma formação que não havia sido testada em treinos, Barbio e Eder Luis pouco se movimentavam, e o meio-campo foi facilmente anulado pela marcação. Em 30 minutos, o Vasco deu apenas um chute a gol, em cobrança de falta de Eder Luis que desviou na barreira e foi para fora.
        O Libertad, com três pontos de vantagem sobre o adversário na tabela, parecia satisfeito em ver o tempo passar. Bastante recuado, preocupava-se apenas em marcar e só ameaçava em contra-ataques. Conseguiu roubar 13 bolas apenas nos primeiros 45 minutos. E, quando não conseguia a bola, parava a jogada: foram 14 faltas. A dificuldade de troca de passes no campo de ataque do Vasco fez com que os zagueiros Dedé e Renato Silva ficassem com a bola a todo instante.
       Nesse cenário de marcação forte paraguaia e de falta de criação do Vasco, o primeiro tempo foi um marasmo. Os donos da casa foram para o intervalo com um número impressionante de posse de bola (70%) e um número assustador de finalizações (três, igual ao Libertad). A única chance digna de registro na primeira etapa coube aos visitantes: em contra-ataque, Cinelli fez boa jogada individual, saiu na cara de Fernando Prass e bateu cruzado. A bola foi para fora.


        Cristóvão percebeu que a estratégia de adotar três atacantes não deu certo e modificou o time no segundo tempo, escalando Juninho e Allan nos lugares de Eder Luis e Eduardo Costa. A ideia era dar mais movimentação e qualidade de passe ao meio-campo. E deu certo. Com seis minutos, o Vasco já concluía a gol o mesmo número de vezes que em toda a primeira etapa. O Vasco continuou pressionando o Libertad, com uma atuação empolgante e que contagiou a torcida. Juninho cobrou o escanteio fechado, na altura da primeira trave. A zaga fez o corte, e a bola voltou nos pés do Reizinho. Ele percebeu o goleiro adiantado e, mesmo com pouco ângulo, bateu com precisão e fez 1 a 0, aos oito minutos. Na comemoração, chamou Dedé, um dos que foram vítima de racismo em Assunção, para ser abraçado.
      O gol desconsertou o Libertad, que passou a dar mais espaços. Com isso, o Vasco continuou criando. Barbio teve chance de marcar de cabeça. Mas o segundo gol veio pelo chão, aos 16 minutos, em outra boa jogada de Allan, que deu passe para Alecsandro, livre, apenas empurrar para a rede.
      Com o 2 a 0 no placar, Cristóvão substituiu Felipe por Fellipe Bastos, reforçando a marcação. E o volante, logo em sua primeira jogada, quase aumentou a vantagem. Roubou uma bola na entrada da área e, sem ninguém na frente, bateu forte e cruzado. A bola passou perto. A essa altura, o Libertad já mudara sua estratégia, partindo para o ataque em busca do gol. Teve excelente chance de diminuir, em chute colocado de fora da área de Velázquez.
     Por outro lado, cedia espaços para o Vasco contragolpear. Foi quando Barbio - que teve atuação apagada - conseguiu enfim contribuir para o sistema ofensivo com suas arrancadas. Nos acréscimos, ele teve a chance de fazer o gol que faria o Vasco ultrapassar o Libertad no saldo de gols. Ele driblou o zagueiro, mas chutou mal. A bola foi para fora, assim como a possibilidade de liderança.

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